Muitas vezes nos deparamos com desafios a superar em nossas aulas. Um grande e constante desafio é diminuir a tensão muscular na região dos ombros e pescoço de nossos alunos. Os músculos esternocleidomastóideo e trapézio porção superior são afetados constantemente pelo stress do dia-a-dia e pela má postura. Alguns casos podem ser amenizados com um bom trabalho de propriocepção e fortalecimento da postura, mas alguns parecem não responder positivamente a esses estímulos. Isso porque alguns casos não são simples tensões musculares, mas sim a Síndrome do Desfiladeiro Torácico (SDT). Trata-se de uma compressão do plexo braquial tão intensa que inibe a circulação sanguínea de membros superiores. O plexo braquial é o conjunto de cinco raízes que saem da medula no pescoço, comunicando-se entre si, dando origem a todos os nervos do membro superior. A compressão ocorre devido a alterações posturais ou anatômicas que alteram o triângulo formado pela primeira costela, clavícula e músculos escaleno e peitoral. Daí o nome “desfiladeiro”. O aluno sente dor intermitente relacionada ao movimento, normalmente em extensão e abdução de ombros. Pode haver também parestesia e déficit de força em membros superiores. O tratamento é baseado em bloqueios anestésicos locais nos pontos-gatilho, tratamentos tradicionais de fisioterapia (TENS, por exemplo) e exercícios posturais e de fortalecimento. Exercícios de alongamentos oferecem grande sensação de alívio para esses alunos e são muito indicados. Os exercícios de força são necessários, porém devem ser aplicados com muito cuidado, respeitando a amplitude de movimento para não agravar a tensão gerada pela síndrome. Indica-se iniciar o trabalho de força com exercícios isométricos. Exercícios de mobilidade de coluna, pescoço e cintura escapular são indicados para aumentar a propriocepção do aluno e alongar musculaturas mais profundas. O feedback do aluno serve como base para este trabalho dar certo. Sugira que seu aluno entre em contato com o médico ortopedista ou fisioterapeuta caso ele apresente alguns dos sintomas dessas síndromes e bom trabalho pela frente!
RELAXAMENTO NO FINAL DA AULA DE PILATES
Considerado por alguns alunos como “a melhor parte da aula”, o relaxamento é muito utilizado como meio de volta à calma para os alunos. Mas, muito mais do que isso, o relaxamento pode ser utilizado para atingir outros objetivos. Um deles, por exemplo, é o trabalho de propriocepção. Através de uma posição de repouso, podemos estimular oralmente o nosso aluno a fim de fazê-lo perceber o próprio corpo. Ele pode perceber como seu corpo se acomoda no espaço, sentir os batimentos cardíacos, respirar profundamente e perceber os movimentos respiratórios, descansar conscientemente sua musculatura, entre outras percepções. Esse momento traz maior intimidade do indivíduo com seu próprio corpo, o faz conhecer-se melhor. Podemos aplicar no momento do relaxamento técnicas de massagem ou manipulação com o objetivo de aliviar pontos de tensão e ajudar na percepção do alongamento axial. As massagens podem ser feitas com auxílio de acessórios, como rolo, bolinhas de tênis, bola, overball e carrinhos, e proporcionar sensações diferentes nos alunos. É interessante a estimulação do feedback intrínseco durante o relaxamento. Fazer o aluno se lembrar dos exercícios do dia e fazê-lo perceber a musculatura trabalhada, auxilia na fixação dos movimentos na memória motora e na auto-correção. A estimulação de boas sensações através da memória traz ao aluno a sensação de bem-estar que viveu nos momentos agradáveis dos quais ele se recorda. Desta forma, há uma liberação maior de serotonina e endorfina, hormônios que dão sensação de prazer. Prepare a parte final da aula da mesma forma que a parte principal e procure sempre trocar os estímulos. Transforme o relaxamento num momento especial de sua aula. E você, tem alguma sugestão bacana para o final de uma aula de pilates?
PERIODIZAÇÃO NO PILATES
A periodização é uma excelente ferramenta de planejamento e estruturação do treino. Com ela, o professor pode atingir os objetivos desejados pelo aluno otimizando cada sessão de treinamento. A periodização é muito utilizada em atividades como a musculação, por exemplo, onde é possível trabalhar isoladamente as capacidades físicas e fazer o controle de carga em cada uma delas. Já no ambiente do Pilates, existe uma grande discussão entre os profissionais de como aplicar a periodização considerando a variabilidade de estímulos utilizados em uma mesma sessão de treinamento. As aulas de pilates oferecem um trabalho corporal geral, com a união de diversas capacidades física em um mesmo movimento. Desta forma, como planejar e montar a periodização de um aluno sem desconsiderar os princípios do método? O nosso objetivo agora não é apresentar um modelo pronto de periodização no método, mas sim ressaltar alguns pontos que devem ser considerados para isso e também sugerir algumas formas de trabalho. Considerando o modelo de periodização clássico, criado por Matveev, temos que definir os períodos chamados de macrociclo, mesociclo e microciclo. Sugerimos utilizar para o macrociclo e mesociclo as classificações utilizadas pelo modelo original. É possível encaixá-lo no método utilizando uma visão geral do treinamento. Macrociclo Período: – Preparatório (fase: básica ou específica) – Manutenção (fase: manutenção) – Transitório (fase: recuperação) Mesociclo – Incorporativo – Desenvolvimento – Estabilização – Recuperativo A dificuldade maior está em classificar o microciclo e as sessões. Com a maioria dos movimentos combinados, os exercícios do pilates não são feitos em grandes repetições e séries e também não são realizados igualmente ao longo do micro ou mesociclo.Um mesmo exercício, por exemplo, o swan, pode ser realizado de diversas formas: no cadillac com ou sem auxílio de molas, na cadeira com ou sem apoio da caixa, reformer na caixa, solo com ou sem acessórios, barril, etc. O fato de mudar o apoio para a realização do estímulo já gera um novo estímulo para o sistema neuromuscular. Para seguirmos os conceitos de adaptação neuromuscular e assim poder periodizar como no método clássico, seria necessário descaracterizar os modelos de aula do método pilates.Dessa forma sugerimos algumas formas de organizar esse período do treinamento. Podemos partir do princípio das variáveis de treinamento: intensidade, volume, freqüência, densidade e complexidade. Podemos trabalhar também definindo quais capacidades físicas e elementos fundamentais do pilates devem ser estimulados com prioridade e manter essa ordem até que haja adaptação neuromuscular satisfatória. Talvez seja necessário escolher alguns exercícios que atendem às necessidades do aluno e que será repetido dentro do mesociclo.Como é possível notar, não há consenso sobre periodização no método Pilates porque é uma tarefa muito difícil. São muitos pontos a serem considerados e muitos princípios a serem mantidos. Como você trabalha em seu studio? Como planeja o desenvolvimento da condição física de seus alunos? Esperamos sua contribuição nessa discussão.
ESCOLIOSE E O MÉTODO PILATES
O método Pilates é bastante reconhecido pela sua eficiente prevenção e recuperação de desvios posturais. Mas nem sempre todos os exercícios do método são aplicáveis. Em cada caso,deve-se analisar tipo, grau e causas do problema, para então decidir quais exercícios devem ser aplicados ou até se o método é indicado. A escoliose é um desvio postural caracterizado por inclinação, flexão e rotação das vértebras da coluna, obtendo forma tridimensional, formando um “S” ou um “C”. É um problema comum entre a população, sendo que grande parte dos praticantes do método apresentam escoliose. A escoliose pode ser de origem idiopática, neuromuscular ou congênita e se classifica em não-estruturada , estruturada transitoriamente e estruturada. Essas classificações devem ser cuidadosamente analisadas pelo professor ao iniciar as aulas de pilates com o aluno escoliótico. A escoliose não-estruturada apresenta leve curvatura e se pode observar correção durante a flexão de coluna e em decúbito É a mais fácil de ser trabalhada, pois ainda pode ser revertida. Neste caso, exercícios de estabilização de coluna e fortalecimento paravertebral e dos músculos do CORE são muito indicados, pois a coluna necessita de estabilidade. O alongamento de cadeia lateral também é importante, desde que trabalhado igualmente para os dois lados e sem sobrecarga. Exercícios de dissociação de membros e fortalecimento geral em decúbito dorsal são uma boa alternativa nesses casos. Na escoliose estruturada transitoriamente, o desvio surge de forma secundária à hérnia discal ou situações inflamatórias. A mesma metodologia da escoliose não-estruturada pode ser aplicada neste caso, porém deve-se, prioritariamente, respeitar o grau de inflamação originado por outro problema. A escoliose estruturada é aquela da qual não é possível reverter a deformidade. Pode ser hereditária ou causada por alterações no período embrionário. Neste caso, o trabalho deve focar-se no alongamento das estruturas envolvidas, fortalecimento de paravertebrais e CORE para que outras estruturas não sejam comprometidas. Evitar movimentos de flexão de coluna e inclinação lateral é importante para não aumentar o grau de curvatura da coluna. O método proporciona uma imensa variedade de exercícios para atingir um mesmo objetivo. Dessa forma, o Pilates é uma alternativa eficiente e motivante para os alunos. Sempre deve ser considerada a individualidade do aluno, conhecendo-o e respeitando suas possibilidades. Já discutimos este tema em nosso blog mas é sempre pertinente e gera muitas dúvidas entre os profissionais. E você tem opinião formada sobre este assunto? Qual sua forma de trabalhar com casos de escoliose? Viviane Vales
Resultados Avaliação Postural no Pilates
O propósito da postagem de hoje é mostrar um caso clínico verídico e falar sobre as modificações estruturais que o método Pilates pode realizar no corpo humano, principalmente na coluna vertebral. Sabemos que através da manobra de ativação do centro de força, multífidos, períneo e diafragma ativam o transverso do abdome e fortalecem toda musculatura estabilizadora. Essa é a base do trabalho no método Pilates, porém, esse não é o único objetivo em aula, pois pensando em alterações posturais, outras musculaturas podem estar em desequilíbrio. A seguir veremos o caso de uma aluna que, antes de iniciar as sessões de pilates realizou a avaliação postural. Esta cliente iniciou no método Pilates dia 21 de março de 2011, e desde então, realizou 3 sessões semanais, parando apenas 2 semanas de férias no período de dezembro. Aluna assídua, não faltava às aulas, facilitando o trabalho dos instrutores. A equipe que a atende, é formada por 3 profissionais, que se organizam através dos registros de aula. Principais queixas: · Dores na região direita da coluna torácica; · Dores no ombro direito; · Uma das barras da calça arrastava no chão; Vamos observar as imagens nas vistas anterior, posterior e lateral direita e esquerda antes e depois de 11 meses de prática de pilates, 3x por semana: Diante dessa análise, podemos observar que escoliose apresentada gerou diversas ações compensatórias. Sendo assim, foi traçado um plano de aula com objetivo de minimizar as compensações, diminuir dores e reorganizar a estrutura óssea através da ação muscular. Plano de aula realizado ao longo de 11 meses: – Fortalecimento do CORE através de dissociações; – Pelve neutra; – Crescimento axial estático e dinâmico; – Organização crânio-cervical e da cintura escapular; – Alongamento de todas as cadeias; – Mobilização de coluna, com ênfase em tóraco-lombar; – Estabilidade de pelve através de trabalhos de equilíbrio ou dissociações em bases instáveis; – Fortalecimento geral com ênfase em glúteos e abdominais; – Relaxamento através do trabalho de consciência corporal; Resultados obtidos Após o desenvolvimento da programação e sua aplicação por seis meses, a aluna já relatava diminuição de dores e percepção de melhora na postura. Após onze meses, já foi possível verificar os seguintes resultados: – Simetria de ombros; – Crescimento axial; – Diminuição do Triangulo de Tales aumentado à direita; – Alinhamento de cristas ilíacas; – Pelve neutra em estática e em dinâmica; -Reorganização escapular; – Diminuição da protusão de ombros; – Diminuição da anteriorzação de cabeça; – Alinhamento das curvaturas fisiológicas da coluna, principalmente região lombar; – Fortalecimento muscular aumentado, permitindo a execução de movimentos instáveis e complexos; – Perda de medidas abdominais e aumento de medidas em MMSS e MMII; – Aumento da flexibilidade; O método Pilates, quando bem estruturado e bem aplicado, pode realmente melhorar a postura de um indivíduo, proporcionar aumento de força muscular e alívio de dores através da diminuição das compensações. O nosso trabalho é proporcionar a melhora da qualidade de vida das pessoas e o bem-estar. Dessa vez, missão iniciada com sucesso, mas sabemos que ainda temos muito pela frente… Um agradecimento especial as instrutoras da equipe que atenderam esta cliente.
PILATES E HIPERTENSÃO
A Hipertensão é uma patologia cada vez mais comum entre pessoas de todas as idades e é muito comum que indivíduos com este problema nos procurem buscando através do Pilates recuperar sua qualidade de vida, diminuir o stress, entre outros fatores relacionados à pressão arterial. Acredito que o Pilates pode ajudar muito este tipo de cliente alcançar estes propósitos, mas acredito também que alguns cuidados precisam ser tomados com relação à escolha dos exercícios para este público. Durante a atividade física se produzem mudanças na circulação sangüínea destinadas a prover um maior aporte de oxigênio aos tecidos que estão se movimentando. Este aporte maior se produz graças ao esforço do coração, devido a que este órgão aumenta o volume de sangue que envia ao corpo todo, uns 70 centímetros cúbicos de sangue por batida. Este valor, multiplicado por 70 batidas por minuto (a normal, em repouso) representa, aproximadamente, 5 litros por minuto. Mas durante o exercício esse volume pode chegar a se quintuplicar devido às mudanças que se produzem no organismo, por exemplo, o aumento da freqüência cardíaca. As necessidades metabólicas que surgem durante a atividade física são compensadas mediante adaptações do sistema circulatório central e o periférico, como o aumento da pressão arterial máxima e da freqüência cardíaca, a vasodilatação periférica e a local, e uma diminuição da pressão arterial mínima. O organismo contrai as artérias das regiões onde não se necessita um alto aporte de oxigênio, por exemplo, nas vísceras. E dilata ao máximo as zonas de esforço, dos músculos de pernas e braços, que requerem máximo aprovisionamento de oxigênio. Muitos índices de hipertensão podem estar relacionados a stress e ensinar às pessoas técnicas de gestão de stress eficientes, podem conduzir a uma redução do stress e a uma diminuição conseqüente da pressão arterial (McCaffrey et al., 2005) e o pilates, com suas metodologia consciente, pode desempenhar um papel importante nesta aprendizagem. Devido a semelhança de muitos aspectos gostaríamos de citar a tese de mestrado do prof Danilo Santaella, onde relacionou-se a prática do hatha yoga com a avaliação da pressão sangüinea em hipertensos. A conclusão foi que para os hipertensos, é importante associar exercício com o relaxamento como uma maneira de prevenir o estresse pois constatou-se que esse par diminuiu a sua pressão sanguínea.Dentro das práticas de pilates acabamos encontrando estes dois aspectos: o exercício e o relaxamento. Lembramos aqui alguns cuidados ao se prescrever exercícios para hipertensos, evitando estimular o aumento da pressão arterial e conseqüentemente o risco de ruptura de algum aneurisma durante a prática dos exercícios : Evitar descer a cabeça abaixo do diafragma respiratório. Evitar permanecer de uma forma prolongada com os braços acima da cabeça sem descanso. E da mesma forma, a elevação das pernas permanecendo de forma estática por um período longo. Muito cuidado com as mudanças rápidas de posições. Permita que o corpo faça os ajustes e adaptações calmamente. Apesar de não fazer porta da respiração do pilates cuidado com hiperventilações, expirações rápidas e forçadas e suspensão de respiração. Evite que o aluno tombe a cabeça para trás, sem apoio ou sem controle. Exclua da série ou pelo menos evite as posturas invertidas (em que a pessoa fica de cabeça para baixo). Esteja sempre atento a qualquer sintoma do seu aluno, perguntando e recebendo feedbacks incansavelmente, desta forma não haverá riscos. Outra sugestão que eu gostaria de deixar, (apesar de não conhecer) é da existência de um curso, realizado dentro do Incor (cito devido a seriedade de trabalho desta instituição) que trabalha de uma forma específica assuntos ligados ao coração, mas precisamente “Pilates na Reabilitação Cardíaca” É promovido pela Unidade Clínica de Insuficiência Cardíaca e agradeço se alguém que conhece mais detalhes sobre o curso nos comunique. Fonte auxiliar: http://www.saoluiz.com.br/revista_conteudo.aspx?idConteudoItem=17&idConteudo=9 http://psiyoga.blogspot.com/2008/10/yoga-e-hipertenso-arterial.html http://www.hospitaldocoracao.com.br/